Traço três começos. E quase me rasgo a carne pra ver se algum sangue sai. Nada. Inspiração nenhuma. Nem nos livros que mofam, nem nas coisas que passam, nem no dia que não sei se alegre ou não.
As folhas das janelas fechadas. As cobertas cantando, feito sereias, coisas de me fazer num sono afogar. Na cozinha, o bolo de limão se arrebenta por qualquer gulosa atenção, também não lhe dou a boca. Mexo nas coisas, pinto um poema ruim, boto ordem nas santas de espada em punho, cubro com máscaras a bruxa que não se quer ver. A coruja me pisca uns olhos espantados de contas marrons, não lhe dôo atenção.
O céu volta a ruflar tambores, os carros caminham lentos na descida da casa, algum cachorro se emociona e chora alto lá fora. O que tudo isso me diz? O que me dizem os fantasmas de papel recortado que coloco na cama pra me espantarem os sonhos ruins? O que me diz o lápis sem ponta lembrando que eu quebro minhas coisas e as deixo assim? O que me dizem todas essas red things?
Nada.
Porque são assim as coisas. As minhas coisas não falam sem serem solicitadas, servas de reis que são. E eu não as solicito porque são muito velhas e muito minhas as coisas.
Silêncio.
Fecho os olhos para sentir os trovões e nada faz muito sentido.
É... acho que não consigo me preencher do vazio que eu me crio.
A consciência tão boa de si, as vezes atrapalha.
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