segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Deixa

Deixo que o mundo faça seu barulho. Que o monstro cinza apite, que a chuva lave, que o homem erga o muro alheio. Deixo que as portas batam, que os carros corram, que as vozes falem.

Permissivo, deixo tudo. Que agosto chegue (e algum desgosto também...), que o desânimo venha e que os cães enlouqueçam com o vento que há. Deixo que as harpias vomitem, que os remédios se esqueçam, que a vida se esvaia, que os espelhos se cubram.

Deixo e dou corda no tempo – que é a deixa para eu esquecer. 
Deixo e vou cedo dormir – que é minha forma estranha de deixar ser.

Deixo tudo. Tudo. Tudo.



Diacho!
Só não me deixo viver.

4 comentários:

  1. É bom que a vida leve, mas quando tudo se deixa alguém começa a levar por você.

    ResponderExcluir
  2. rs... entendo, e muito bem. rs

    esses agostos... devem ser sempre assim. No último agosto vc tbm disse algo sobre desgosto. Irresistível não dizer isto sobre este mês.
    Ai ai.

    Beijo pra ti, querido.

    ResponderExcluir
  3. E eu não consigo é deixar de me impactar com a sua escrita.

    De resto, também deixo tudo. Todas as coisas encostadas nas suas, num canto qualquer da vida.
    Apaga a luz? Melhor esquecer.

    (meu amigo tem facebook? Me adiciona lá se tiver. Bjs cincodezembrista!!)

    ResponderExcluir

Obrigado pelo seu comentário.